Eportefólio

Este blog consiste no eportefólio de Ana Maria Marmeleira, construído no âmbito da unidade curricular de Concepção e Avaliação em Elearning, do Mestrado de Pedagogia do Elearning, da Universidade Aberta.

Tema 4: Participação no Debate

À semelhança do debate anterior, a discussão desencadeada em torno da temática «Actividades, instrumentos e modalidades de avaliação em contexto de formação online» foi muito animada e participada. Foram discutidas várias ideias diferentes e verificou-se uma boa interacção entre os participantes. Participei nos dois espaços criados para a discussão - «Quem abre o debate?» e «Discussões assíncronas e avaliação» - interagindo com os meus colegas, como o demonstram as mensagens transcritas abaixo:
         

Tema «Quem abre o Debate?»
       
(sobre a visibilidade das ferramentas)
     
Olá a todos
A Helena aponta uma questão que me parece muito interessante e que todos verificámos nos artigos que trabalhámos - a visibilidade que as ferramentas online permitem.
Como professora do ensino presencial noto frequentemente que os alunos têm uma certa renitência em expor o que fazem quando se trata de trabalhos de avaliação. No entanto, se o professor os estimular nesse sentido, acabam por fazê-lo e a partilha de trabalhos promove uma aprendizagem mais significativa de todos.
A este nível, o ensino online é um privilegiado. Tenho a certeza que, quando começámos o Mestrado, muitos de nós estranhámos a ideia de que tudo o que fazíamos ficava exposto e todos podiam ler e até opinar sobre as nossas produções que seriam alvo de classificação. Passados uns meses, já assumimos isso como natural e até como desejável. Não quer dizer que eu vá abordar uma questão da mesma forma que um outro colega ou que vá fazer um trabalho semelhante, mas ter acesso aos trabalhos que serão avaliados, seja em blogs, portefólios, fóruns, etc, permite-nos ter uma visão mais alargada das questões em estudo. Ver os comentários que um professor fez a um colega pode fazer-me pensar num problema em que eu ainda não tinha pensado, mas que é assim trazido à minha atenção. Fazermos comentários aos trabalhos uns dos outros, o que só é possível graças à visibilidade que as várias ferramentas online permitem, é não só uma forma de aprendizagem como contribui para uma verdadeira avaliação formativa.
Assim, uma boa utilização das ferramentas que analisámos pode resultar numa avaliação de qualidade.
[] Ana Marmeleira
        
       
(sobre o feedback de colegas e do professor)
  
Olá a todos
O feedback de colegas pode não ser necessariamente insuficiente. Quando elaboramos um trabalho ou um comentário num fórum sobre um determinado assunto, o feedback de colegas pode ser, em certas circunstâncias, muito valioso. Ao sujeitarmos um trabalho ao professor, que tem um conhecimento muito vasto sobre um assunto, ele conseguirá compreender muito melhor o que dizemos do que os nossos colegas que não conhecem muito bem a questão e que acabam por nos colocar dúvidas ou fazer comentários que nos forçam a explicar-nos melhor, reformulando o que dissemos inicialmente.
Mesmo num e-portefólio, por exemplo, os nossos colegas podem dar-nos sugestões extremente úteis que nos permitem melhorar as nossas reflexões ou redefinir alguns aspectos, mas que não têm um peso tão "forte" do que se tivessem sido feitos por um professor, pois os alunos podem facilmente achar que esse comentário significa uma melhor ou pior classificação final.
No entanto, acho indispensável que o professor esteja lá. É como quando os nossos alunos estão a fezer um trabalho de grupo e nós vamos circulando pelas mesas ouvindo o que eles vão dizendo e vendo se estão a conseguir chegar a bom porto sem a nossa ajuda. Quando vemos que não chegam lá ou que estão a ir por um caminho errado, então é a altura de intervir. Aqui é o mesmo. Vejo com bons olhos que o professor não intervenha muito, deixando que os alunos tirem partido da comunidade de aprendizagem criada e se orientem uns aos outros. Mas o professor tem de dar sinais de que está lá, a acompanhar as actividades e que vai intervir sempre que achar necessário. São esses pequenos toques que tornam a avaliação útil e parte integrante da aprendizagem.
[] Ana Marmeleira
          
          
Olá Marco
Concordo mais uma vez contigo. À medida que vamos construindo o nosso conhecimento e a nossa aprendizagem, vamos construindo a nossa avaliação. Este aspecto liga-se ao que já discutimos anteriormente - a avaliação do percurso e não apenas do produto. O e-portefólio dá-nos realmente a oportunidade de seleccionarmos o que melhor evidencia o nosso percurso e melhor contribui para a nossa avaliação/classificação.
[] Ana Marmeleira
          
        
(sobre as limitações das discussões assíncronas)
    
Olá a todos
As questões levantadas pela Cecília têm a sua razão de ser. Destaco em particular a que diz respeito às desvantagens das discussões assíncronas.
Já discutimos noutros fóruns as dificuldades que podem existir em discussões assíncronas. Se um aluno se atrasar um dia ou dois por qualquer motivo poderá ver a sua avaliação comprometida, porque, mesmo tendo ideias muito interessantes e tendo um conhecimento bem sólido sobre os temas em discussão, quando chegar à discussão muito do que ele poderia ter dito já foi dito por outros e não fará muito sentido repeti-lo. Se o fizer parecerá que está a ignorar o que os colegas já colocaram no fórum, o que também não é muito abonatório. As discussões assíncronas, em certa medida, tornam-se eliminatórias, uma vez que a mesma ideia não pode/não deve ser utilizada por mais do que uma pessoa. O primeiro a expô-la ficará em vantagem sobrando aos outros a possibilidade de dizerem que concordam com a ideia. É evidente que estou a radicalizar a situação, até porque as nossas últimas discussões têm mostrado que a mesma ideia permite várias abordagens por pessoas diferentes. No entanto, de certa forma, é um risco que existe.
[] Ana Marmeleira
       
          
Olá Marco
É verdade. Concordo plenamente contigo. Aliás, como referi atrás, radicalizei «a situação, até porque as nossas últimas discussões têm mostrado que a mesma ideia permite várias abordagens por pessoas diferentes.» O que tu referes também já aconteceu comigo e, embora seja mais trabalhoso pensar de novo sobre a mesma questão, esse esforço é às vezes precisamente o que precisávamos para descobrir dimensões novas e muito mais interessantes do que as que tínhamos percebido numa primeira análise. É como dizes, uma agradável (mas cansativa :) ) sensação de construirmos coisas juntos.
[] Ana Marmeleira
           
      
(sobre a exposição na Web e o rigor científico)
       
Olá a todos
Para além de não estarmos muito habituados à autoavaliação creio que estamos ainda menos habituados à avaliação pelos pares. Quando isso nos é solicitado parece que nos é pedido que prejudiquemos um colega se dissermos que não apreciámos determinado trabalho. Esta prática tem de ser fomentada de forma gradual, dissociando incialmente a ideia de avaliação da de classificação, ou seja, por se fazer apreciações quanto aos aspectos que considerámos positivos e quanto aos que sugerimos que haja uma reformulação. Isto faz mais sentido quando é dada aos alunos a possibilidade de apresentarem uma nova versão melhorada do seu trabalho, o que levará os pares a compreenderem que não prejudicaram a avaliação do colega mas contribuíram para a melhoria desta ao lhe mostrarem os aspectos que teriam implicações mais negativas na sua avaliação final.
[] Ana Marmeleira
    
     
(sobre timidez e avaliação)
       
Olá a todos
A questão da timidez é um factor que tem de ser considerado, especialmente pelas implicações que tem no desempenho dos estudantes enquanto alunos e futuramente enquanto profissionais de uma determinada área.
Temos falado muito sobre o desenvolvimento de competências e creio que é ponto mais ou menos assente que esse objectivo é hoje fundamental. Ouvi recentemente uma professora americana explicar que na sua escola apostam no desenvolvimento de projectos que permitam a aquisição e o aprimoramento de competências pois estão a preparar hoje alunos para profissões que ainda não existem e que não sabem quais serão, e não podem olhar para as profissões de hoje, pois quando os alunos saírem da escola muitas já não existirão. O desenvolvimento de competências é o que permitirá aos alunos adaptarem-se a tudo o que aí vem (até certo ponto, claro). Ora, voltando à timidez, esta terá implicações diferentes na avaliação do aluno de acordo com o objectivo de cada curso. Imaginemos um curso de contabilidade. Talvez o aluno possa ser mais reservado, uma vez que a sua prática futura não implica uma grande capacidade de comunicação. Pensemos no nosso curso: se estamos a aprender a ser professores online e temos criticado a ausência de alguns professores nos fóruns e outras actividades, isso mostra-nos que um e-professor não pode usar a sua timidez para não intervir. Estão a imaginar um professor escrever um post deste tipo: «Caros alunos, eu estou aqui a ler tudo o que escrevem, mas como sou tímido, não estou muito à vontade para vos responder.»?
Como dizia o Joaquim noutro post, também ele é tímido. Quem me conhece sabe que eu também. Tenho uma tendência para a "vermelhidão" um pouquinho persistente. Mas tive de lutar muito e esse esforço fez com que conseguisse ser uma professora presencial muito comunicativa. Também sou uma aluna online comunicativa. O aluno online tem de fazer esse esforço, especialmente em função do curso que está a frequentar. É uma competência que ele tem de adquirir. Se não o fizer poder transmitir a ideia de que não está apto para determinadas funções, daí eu compreender que a reduzida participação de um aluno tenha de ter necessariamente implicações na sua avaliação.
[] Ana Marmeleira
      
     
(sobre competências e programas nacionais)
       
Olá Joaquim
Sinto isso muitas vezes. Tenho dois tipos de currículos no ensino secundário - os profissionais e os científico-humanísticos - e especialmente nestes últimos a pressão dos programas é grande. Eu prefiro que os alunos desenvolvam a capacidade de discutir os assuntos, de construir colaborativamente o conhecimento sobre determinada área, de serem eles próprios a se ensinarem uns aos outros, etc., mas é difícil. Um exemplo muito concreto: vamos trabalhar agora Cesário Verde. Quero que sejam os alunos a descobrir que temas trabalhar sobre este autor, a se organizarem em grupo em função dos temas que definiram, a preparar uma aula (de noventa minutos) para a turma explorando o tema e os textos, que terão sido discutidos em fóruns com os colegas das minhas outras turmas que estão a realizar o mesmo trabalho, a encontrar mecanismos para avaliar a aprendizagem dos seus colegas de turma e para avaliar o seu próprio trabalho de grupo em função de critérios definidos online pelas várias turmas (que devem incluir a avaliação do processo e do produto), entre outros aspectos. As turmas têm entre 26 e 28 alunos, pelo que terei entre cinco a seis grupos por turma. Seria uma forma de os preparar para o tipo de trabalho que estamos a fazer aqui e que poderá ser o seu dentro de um ano (uma vez que estão no 11º ano). Qual é o problema? Só posso gastar 10 aulas com Cesário Verde, porque os programas são enormes e os alunos têm um exame nacional no final do 12º ano que abrange o trabalho dos três anos do Secundário.
Felizmente, o exame de Português foi reformulado e assenta mais em competências do que em conteúdos (mas os conteúdos também estão lá, como é óbvio), no entanto muitos se esquecem que desenvolver competências é mais demorado do que transmitir conteúdos.
A minha escola está muito bem equipada em termos informáticos, por isso vou tentando lutar contra alguma maré e fazer com que os alunos possam adquirir as competências que lhes permitirão entrar sem dificuldades neste mundo online.
[] Ana Marmeleira
        
           
           
Tema «Discussões assíncronas e avaliação»
     
(sobre grupos de discussão restritos e avaliação)
    
Olá a todos
A definição de grupos mais restritos de discussão ou a abertura da discussão ao grupo-turma tem, a meu ver, implicações reais na avaliação dos alunos. Enquanto espaço de desenvolvimento de tarefas, considero que os fóruns são mais produtivos se forem restritos a um número reduzido de alunos. Já no que diz respeito à discussão, considero que toda a turma deve participar da mesma discussão no mesmo espaço.
Eu sei que é difícil acompanhar uma discussão muito alargada, mas a avaliação dos alunos torna-se mais justa. E é fácil perceber porquê. Se um aluno ficar integrado num grupo A em que os colegas são pouco argumentativos e não trazem ideias novas e interessantes para a discussão, um aluno poderá ver-se a debater sozinho e ficar limitado às suas ideias pessoais. Esse espaço de discussão terá pouca qualidade e isso vai reflectir-se na avaliação de todos os elementos. Num grupo B, se houver mais elementos interventivos a discussão será muito mais rica e surgirão mais ideias que estimularão o debate, com implicações na participação de todos os elementos do grupo e na sua avaliação. Ora, se a discussão se desenvolver com toda a turma, o tal aluno do grupo A terá mais oportunidades não só de participar como de aprender. Poderá ter intervenções mais ricas, parte delas despoletadas pelos vários colegas de turma. Isso beneficiará a sua avaliação.
Por isso, por mais longas e impressionantes que as discussões com toda a turma possam ser, considero mesmo que são muito melhores enquanto ferramenta de avaliação.
[] Ana Marmeleira
      
       
(sobre discussões assíncronas e avaliação)
        
Olá Juliana
Infelizmente, penso que não há muitas formas de avaliar uma aluno que não participa activamente. No ensino presencial, conseguimos perceber pelas reacções faciais que um aluno está atento e interessado, que concorda com o que está ser discutido, que não concorda com um ponto de vista expresso por alguém, etc. Ainda assim, numa actividade de discussão terá sempre uma avaliação inferior à dos colegas que efectivamente participaram. Uma discussão não se constrói com silêncios. No ensino online, também é possível o professor verificar se o aluno consultou o fórum de discussão e quando é que o fez. Mas se ele não disser nada ou disser apenas que concorda, não contribuiu para o avanço da discussão e inevitavelmente terá uma avaliação inferior à dos que participaram activamente.
Como estudámos anteriormente, num ambiente virtual online só se sabe que alguém está presente se este se tornar visível.
[] Ana Marmeleira
    
        
(sobre discussões assíncronas e o número de e-alunos por e-actividade)
       
Olá Fernando
Provavelmente ficarias mais feliz se eu discordasse de ti, para podermos discutir um pouquinho  }-], mas não é que tenho de concordar contigo ;)?
Se o objectivo do ensino online é, entre outros aspectos, o de ir ao encontro das necessidades dos alunos, não podemos esperar formatar todos da mesma forma. Inevitavelmente haverá os que são melhores numa discussão alargada, outros que são melhores numa discussão mais restrita, outros que nem são bons a discustir mas que são óptimos a fazer artigos de reflexão, etc. Então, só podemos considerar que um curso está bem desenhado se der oportunidades a todos os alunos de se evidenciarem num ou noutro aspecto. A Paula referiu a diversificação de actividades e essa é, de facto, uma forma de fazer com que a avaliação seja mais justa. As ferramentas de avaliação de que temos vindo a falar permitem essa diversificação. O e-portefólio, em particular, permite a compilação do que foi feito e da evolução do aluno, podendo a reflexão de cada aluno mostrar a si próprio, à turma e ao professor o esforço que fez para superar as dificuldades que sentiu em cada tipo de actividade.
[] Ana Marmeleira
          
(publicada a 10 de Fevereiro de 2011)

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